A PESQUISA


'JAMAIS INTERPRETE, EXPERIMENTE'.
 - Gilles Deleuze

 
A pesquisa, ou processo sistemático para a geração de conhecimento pessoal e do Coletivo Vratia tem como ideia arquetipica o TRIMÚRTI, composta pelos deuses do hinduísmo: Brahma / Criação, Vishnu / Convervação e Shiva / Destruição, na busca de um pensamento adaptativo e transformador que, envolva  a capacidade de reconhecer eventos inesperados, considerar as respostas possíveis e decidir a melhor resposta, visando RESULTADOS, EVOLUÇÃO & SUCESSO. O processo Trimúrti potencializa a geração a geração de conhecimentos, desenvolvimento, colaboração e atualização, servindo pessoal e grupal, e socialmente.  A pesquisa, neste caso pesquisa-ação, acopla pesquisa + ação no mesmo processo, o que implica em participação, interação e elucidação da subjetivade / realidade em que estamos inseridos, de forma coletiva e 'real'. É, portanto uma atividade constante, orientada e planejada para a busca do SABER e do FAZER, sendo a base do SISTEMA VRATIA de pesquisa +  criatividade/criação + produção/ação certa = realização. As ideias de Guerrilha Cultural, 'Faça Você Mesmo', Cinema Rústico, 80/20, Wok in Progress, Prática da Solucionática e Econômia Desajustada estão no cerne desse sistema de PESQUISA-AÇÃO, uma ideia interativa e cíclica, com procedimentos claros: diagnóstico, planejamento de ação + ações alternativas, execução das ações, avaliação, aprendizagem (se faz, aprende, se não faz, não aprende) e identificação dos ensinamentos da experiência para aperfeiçoar e ampliar o conhecimento sobre o assunto ou técnica. 

Esses são os principais elementos de nossa Alquimia criativa e econômica, com eles combinamos elementos e transformamos simbolicamente metais inferiores em 'ouro', obtemos o 'elixir da longa vida', criamos vida artificial, e 'enriquecemos', ou seja, mudamos de consciência e adquirimos sabedoria.

McKay e Marshall (2001) apresentam um esquema para o desenvolvimento de um projeto de pesquisa-ação constituído por oito etapas, que ilustra bem a ideia de pesquisa-ação, como pode ser visto aqui.
 

McKAY, J.; MARSHALL, P. The Dual Imperatives of Action Research. Information Technology & People, v. 14, n. 1, p. 46-59, 2001. http://dx.doi.org/10.1108/09593840110384771 

O OCULTISMO 


O RENASCER DA MAGIA & MAGIA DO CAOS

As pessoas acreditam. É isso que as pessoas fazem: acreditam. E depois não assumem a responsabilidade por suas crenças. Conjuram coisas e não confiam nas próprias conjurações. As pessoas povoam a escuridão com fantasmas, deuses, elétrons, histórias. As pessoas imaginam e acreditam: e é essa crença, essa crença sólida, que faz tudo acontecer.  - Neil Gaiman 

Desde sempre me atrai a Magia. É um manto de sonho que me encobre na Noite do tempo. A água da fonte, que me refresca no Sol da vida. Uma simbiose que começa em forma de arte e se ramifica de cada um dos meus átomos até os confins do universo. Faço alusão aos conceitos de Arte da Colagem e de montagem cinematográfica, com suas expressividades únicas e o quanto 'imitam' vida, onde tudo é um conjunto de sensações, emoções, desejos, sentimentos, experiências e aprendizados. Tendo como material essencial a IMAGEM, anagrama de MAGIA. Um simples brincar com as palavras leva à abertura de incontáveis, talvez infinitos portais. É ela, a imagem-magia, um 'salto quântico' que pode alterar completamente a PERCEPÇÃO, e portanto, a vida e o mundo. 

'Cada' imagem como um portal para multiversos. O eu, alterado para 'Eu Sou'; o mundo em um grão de areia. Estado alterado! Seja invocando esse Todo ou o Doutor Manhatan, cantando um mantra de Shiva ou meditando com Baphomet, algo que represente possibilidades, probabilidades do TODO, aliás, o próprio TODO em carne e osso, ou melhor, em energia, Io Caos! A IMAGEM enquanto revelação. Vórtices que emanam, atraem ou anulam. Sons, palavras, desenhos, metáforas, setas do Caos, ou Deus, para o centro do mundo, onde estou agora. Primeiro o Vazio, a mesma Energia Escura que existiu antes do começo, que está aqui agora e que nunca terá fim. A mesma massa disforme coberta de silêncio (que também é música), vibrando, emanando energia, poeira cósmica, nebulosas,  estrelas, galáxias.

Interessa-nos o antes do começo. A ENERGIA ESCURA condensada em um pequeno ponto quente e denso que explode e forma a matéria e a antimatéria, o hidrogênio que se transforma em hélio, nuvens de gás, estrelas, mais 92 elementos naturais forjados pelas estrelas, organismos, primeiro unicelulares, depois pluricelulares, civilizações extraterrestres e terrestres. Interessa entender se a CONSCIÊNCIA existia antes desse Big Bang, plasmada na energia ou matéria escura e após a explosão passou a se expandir. Tudo é mente e energia. Tempo cíclico, em que tudo flui e se transforma. 'O que está em cima é como o que está embaixo'. Caos, átomos, neutrinos, cosmo.  E interessa o que está oculto, e que é um estudo para as ciências, mas também Ocultismo (da palavra em latim occultus: "escondido, secreto"), "o conhecimento do oculto", quer dizer, do 'sobrenatural', naturalmente em oposição ao que é 'conhecido' ou ponderável. O estudo do oculto enquanto ciência, arte e esporte. Já que o conhecimento do 'lado oculto das coisas' requer doses precisas de investigação e experimentos, de imaginação e criatividade e claro, de energia, força e atletismo afetivo. A ideia de ocultismo tem suas raízes no xamanismo, na ioga, no hermetismo e no Taoísmo. Para alguns adeptos é algo que "destina-se apenas a certas pessoas", mas para nós, é simplesmente o estudo de uma realidade perene, que se estende além da razão. Você acredita? Em que você acredita?


      Conceito artístico da expansão do Universo, onde o espaço é representado em cada momento, em seções circulares. O esquema é decorado 
      com imagens do satélite WMAP

Todas as narrativas, pontos de vista e sistemas ocultistas parecem encontrar um ponto comum na MAGIA HIPERMODERNA, ou Magia do Caos/Kaosmagick, a 'magia do povo'. Que é, por consequência, uma ferramenta inclusiva de alteração da Realidade. Talvez seja a mais rizomática e hipertextual das magias, e parece fechar um ciclo na história do ocultismo, como Euroborus - a serpente que devora a própria cauda e fecha-se sobre o próprio ciclo, evocando a roda da existência. É uma espécie de vórtice ou talvez um atrator estranho, no qual os movimentos caóticos do sistema se auto-organizam e indicam uma condição de 'equilíbrio'. Estamos falando sobre CONVERGÊNCIA, ou potencial de convergência, de 'todos' os antigos sistemas mágicos para um METASSISTEMA atualizavel, simplificado e funcional, através do qual objetivamente a magia apresenta RESULTADOS. Essa simplificação e funcionalidade da magia implica em liberdade ritualística, pois elimina seus elementos não essenciais para que seja funcional, operativa e divertida. 

SE FUNCIONA, USE! 

O conceito de Magia do Caos / Caoísmo, é criado e tem suas bases na Inglaterra por Peter Carrol no Liber Null (1978), e por Ray Sherwim no O Livro dos Resultados, nos anos 70 do século XX. É um metassistema mágico pós-moderno e ancestrofuturista, que rejeita dogmatismos e prima pela experiência pessoal, embora possa usar sistemas existentes. É feita em estado de gnose ou alfa, alcançado com estímulos excitatórios, inibitórios ou alternados, e 'ritos' para realizar práticas mágicas ou divinatórias, por adeptos que moldam ou acreditam poder moldar a realidade, ascendendo a estes estados alterados de consciência e visualização. Ela nasce, como outras expressões pós-modernas, no contexto em que surge uma Nova Ciência e a popularização dos movimentos anarquista, feminista, LGBTQ+, tecnoxamanista etc. É Influenciada por Aleister Crowley, e tem como PRECURSOR o artista Austin Osman Spare e uma de suas máximas é "SE FUNCIONA, USE". 

Para Carroll a Magia do Caos pode ser pensada como um 'sistema que visa a anarquia psicológica', que desorganiza as estruturas de crenças pessoais e amplia a PERCEPÇÃO DE MUNDO. Tal se dá através da quebra de condicionamento / mudança de paradigma, como por exemplo, enxergar o mundo como um lugar mágico. Magos do Caos ou Caoistas desejam e/ou são capazes de alterar as PROBABILIDADES e moldar a realidade de acordo com a VONTADE. Colocam uma energia específica e focada no mundo e influenciam o Caos a afetar a realidade ao redor. 

Não há limites, senão os criados pela imaginação, para o que se pode fazer. Não há necessidade de parafernálias, regras e rituais rígidos, a menos que queira. Consideramos esses rituais mais ou menos importantes, desde que funcionem. Sua 'fórmula' é basicamente a seguinte: CRENÇA + GNOSE = ACESSO AO SUBCONSCIENTE DE FORMA CONSCIENTE. A decisão sobre em que acreditar ou descartar é pessoal e instranferível, já que cada pessoa percebe que o universo de forma peculiar, como uma construção / interpretação; ou seja, só é real aquilo que eu digo que é. Por minha vez, sem senso moral ou karmico, mas simplesmente de responsabilidade e co-criaçao, dou um valor COSMOÉTICO, tanto à ideia de Magia do Caos, como à forma como a aplico à minha criação artística e ao comportamento.

Por funcionar como um vortéx ou vórtice, a Magia do Caos pode atrair paz de espírito, saúde, criatividade, riqueza, sexo ou o oposto de tudo isso, enfim o que eu desejar. Naturalmente mexer no tecido da vida pode alterar algo não previsto, por isso é preciso entender a Magia do Caos, como toda magia, como algo perigoso, que requer o mínimo autoconhecimento, desejo genuíno de se divertir e perceber que 'NADA É VERDADEIRO', pois o que existe não é a realidade, mas uma PERCEPÇÃO da realidade. 

HIPERMODERNIDADE, MÚLTIPLAS RAMIFICAÇÕES E SENTIDOS 

Em contra partida ao materialismo, objetivismo, racionalismo, determinismo e tradicionalismo, a HIPERMODERNIDADE, o estado de cultura que altera as regras do jogo da ciência, das artes e do comportamento possibilita um renascimento no campo das ideias. Parece também um cruzamento de culturas e uma transição entre Eras, onde o fim e um novo começo se relacionam ao movimento evolutivo, a exemplo de Ouroboros - a serpente que engole a própria cauda - que forma seu círculo interno, e simboliza, atomica, cósmica e psiquicamente, o infintio, o tempo ciclico e a mudança. Segundo os hindus,a tualmente vivemos o Kali Yuga, ou Era de Ferro, onde apesar dos conflitos, violência e cataclismas o individuo tem a oportunide de evoluir e transmigar para níveis mais elevados de consciência, atráves de praticas como ioga, meditação, tantrismo, viagem astral, arte, e magia. Nos comportamentos e costumes, essa evolução se mostra na ideia de redes colaborativas, ocupação de não-lugares, possibilidade de recombinaçoes, transculturas, pensamento sistêmico e complexo, viagem no ciberespaço, navegações espaciais etc. 

Pensamos nos potenciais da mente e da criatividade, tendo em vista o Agora como um ponto de mutação para transformações pessoais, que naturalmente desencadeiam transformações psico-sociais. Tomamos como referencia a frase 'Se as portas da percepção estivessem limpas, tudo apareceria  para o homem tal como é, infinito'. do ocultista, poeta e pintor inglês William Blake, frase que equivale à ideia de despertar da Kundalini e abertura do 3º Olho, o que envolve auto-conhecimento e estudo da anatomia esotérica. Blake, por sua vez, é também uma espécie de ponto de mutação entre a magia tradicional e um renascer da magia. Tendo como 'amigos espirituais' Platão, Dante, Paracelso, Jakob Boehhme, Robert Fludd, Agripa, John Milton, George Berkeley, dentre outros, influencia por sua vez adeptos como Aleister Crowley, Austin Osman Spare, Anton Szandor LaVey, Alan Moore, Neil Gaiman e Grant Morrison em suas pesquisas, obras e no respectivo resgate das antigas tradições mágicas em um contexto contemporâneo. 


William Blake - Aleister Crowley - Austin Osman Spare,
Anton Szandor LaVey - Alan Moore - Grant Morrison

Desde a antiguidade encontramos nas expressões teatrais, a incorporação da arte na forma humana, e com ela, a magia, conjurações, metamorfoses. Nos encantamentos de caça dos nômades, nas danças de fertilidade e colheita, nos ritos de iniciação e morte, no totemismo e xamanismo temos os ancestrais do pensamento mágico. Algo que perdura na contemporaneidade (neopaganismo,  wicca, thelema, arte da performance, magia do caos). Uma jormada hipermidiática desde as origens do pensamento mágico, que perpassa o xamanísmo, o teatro sagrado / dança teatro e as expressões artísticas performaticas, como uma espécie de trabalho em processo (work in progress) para um entendimento integral de si e do planeta Terra. Vemos em  Antonin Artaud, Kazuo Ohno, Jerzy Grotowski, Eugenio Barba, Peter Brook, nas Vanguardas e na Arte da Performance a ideia de um retorno à ancestralidade, no que diz respeito aos  ritos e danças espalhadas pelos continentes.

Esse retorno se percebe na música de vanguarda, no experimentalismo, na musica eletronica e na musica aleatória; e em outras expressões como a literatura e as histórias em quadrinhos, cinema e criação de mitologias pessoais (como a que vemos em William Blake, H. P. Lovecraft, J. R. R. Tolkien, & Frank Herbert); no xamanísmo de Terence McKenna e Alan Moore; no univeso de Neil Gaiman e Pop Magick de Grant Morrison; no cinema mágico de surealista de Federico Fellini, Alejandro Jodorowski, David Linch e Tin Burton; de nos conceitos de arquétipos e inconsciente coletivo de Carl Jung; nas técnicas de escrita automática, desenho automático e sigilização de Austin Osman Spare; no Ready-Made de Duchamp; no Método Paranoico-critico de Salvador Dalí; no Cut Up (ou recorte) de William Burroughs; nas pesquisas e trabalhos de A. Crowley, W. Reich, Timothy Leary, Robert Anton Wilson e Kenneth Grant; TAZ - Zona Autônoma Temporária e CAOS - Terrorismo Poético e Outros Crimes Exemplares de Hakin Bey; nas obras Liber Null e Psiconalta de Peter Carroll; no Tao da Física e Teia da Vida, de Fritjof Capra; a Complexidade e Transdiciplinaridade, de Edgar Morin; no Ócio Criativo, de Domenico de Masi, a Econômia Desajustada de Alexa Cley e Kyra Pjillips, a Prática Solucionática, de Mark Joyner, e também as ideias de Caos & Metassistema & Nova Ciência, dentre outros, apontam para um renascer das artes, da magia e de um mercado, agora, criativo.

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Marcel Duchamp - William S. Burroughs - Alejandro Jodorowsky
Hakin Bey - Terence McKenna - Neil Gaiman

A ideia aqui é perceber as referencias e escritos como um caleidoscópio. Metáfora de uma metáfora de uma metáfora. Cair na Toca do Coelho, passear pelo Mundo das Ideias, voltar aos tempos pré-diluvianos, invocar o doutor Manhattan https://en.wikipedia.org/wiki/Doctor_Manhattan ou acessar os Registros Akashicos como probabilidades de interpretação do agora, agora, agora... esse 'livro' ou colcha de retalhos mágica, é feito de pacotes de energia descartados por sociedades, grupos e pessoas objetivistas, racionalistas e deterministas. Contradiz uma ideia medieval e seus medos sempre atuais. Por aqui se dança e gargalha! Aqui temos um caleidoscópio onde miramos diretamente para o infinito, para o vazio e para o centro do coração da vida. Eu Sou, Io Caos! Rizoma, cujos brotos se ramificam em de qualquer ponto a qualquer ponto. Encorpam e se transforma em bulbo ou tubérculo... apontam para o movimento, o devir e as multiplicidades. Um mapa desmontável, modificável, com múltiplas entradas e saídas...

Hipermídia, os pés  enraizados na terra, as asas tocam o céu! Pelos poderes conferidos à Imaginação é possível viver um tempo cíclico, ou seja, uma sucessão constante de eventos em um ciclo com começo/passado, meio/agora e fim/futuro, que se torna sempre um novo começo. A ideia de Viagem Astral, talvez uma experiência lisérgica ou meditação guiada que revele claramente essa ideia de 'tempo sagrado', onde geralmente ocorre uma EPIFANIA, a conexão energética com o Todo, ou sensação súbita de entendimento da essência de algo. Se por um lado estamos distantes da idade de outro, por outro, estamos muito próximo de uma, que pode ser um 'regresso' à ideia de sagrado, de vida comunitária e vínculo com a terra e outros mundos. Talvez o ETERNO RETORNO seja o sentido da existência, o começo de um novo ciclo depende do encerramento do antigo. A mente é o ambiente e a meditação o instrumento a ser tocado para se ouvir o som do silêncio. Talvez um silêncio aterrador que vibra no vazio, no matéria ou energia escura. Energia, vibração, som, explosão, luzes & estrelas... Consciência, possibilidades, probabilidades, colapsos... Informação, criação,  conservação, destruição, transformação... 
                                                                

A mente de um recém-nascido 'é' uma folha em branco. Io Caos! O ambiente, a família, a escola, a religião, a cultura são lápis ou tintas que dão forma, mas também 'algemas', principalmente quando funcionam como um Panóptico (uma estrutura arquitetural utilizado para o controle da distribuição de corpo em diversos ambientes. O caoísta Robert Anton Wilson (RAW) diz que 'a  crença é a morte da inteligência', e praticamente toda cultura é baseada em  crença e hábitos, ou seja, condicionamento, subordinação a algum determinismo social, moral ou ideológico. No capítulo XII do livro Psicologia Quântica, de RAW ele aborda a teoria da criação dos TÚNEIS DE REALIDADE, em que uma pessoa 'vê o mundo através dos filtros de sua experiência e convicções'.  Para ele nossos modelos do Universo têm as seguintes limitações e restrições: a) Genética, em que temos a mesma anatomia macroscópica de outros primatas; b) Impressões, que unem os neurônios, de forma permanente, em redes de reflexos que aparentemente continuam por toda a vida; c) Condicionamento, que ao contrário das Impressões precisa de muitas repetições da mesma experiência e seu estabelecimento não é permanente; d) Aprendizagem, também requer repetição e também motivação, e o papel que desempenha na percepção e na crenças humanas é menos que o da Genética, das Impressões e do Condicionamento. Um estudo complementar a esse e mais abrangente, é o chamado por Timothy Leary de OITO CIRCUITOS DA CONSCIÊNCIA, um campo em que a psicologia abraça a magia

Esses circuitos são divididos em 2 categorias, sendo 4 naturais, ligadas à natureza humana terrestre e 4, considerados evolutivos, ligadas à transcendência. Os 4 circuitos naturais ou terrestres geralmente são tudo o que os humanos experimentam, e que chamam de vida, sem conhecer seu significado profundo: 1. Circuito da Biosobrevivência, relacionado às condições de sobrevivência e de busca pelo prazer; 2. Circuito da Territorialidade, relacionado com o domínio sobre o espaço físico. 3. Circuito Semântico, dos sons, da fala, da escrita e da manufatura, direciona o quanto a cabeça está/será aberta ou fechada a novas experiências e percepções. 4. Circuito Moral-Sexual, do surgimento das experiências de ordem sexual, identidade, orientação e papel social.

Os 4 circuitos evolutivos só podem ser desenvolvidos em dentro de uma nova perspectiva da 'realidade', implicam (mais) consciência e uma  percepção trascedental5. Circuito Neurossomático ou Hedônico, do prazer sensorial-corporal, saúde, bem-estar, êxtase psicossomático e transcedência do ego. 6. Circuito Neurogenético, contém os 'eus' e bancos de dados de todos os seres vivos. Na terminologia de Stanislav Grof seria o “inconsciente filogenético”. A informação não está no eu,  mas em um campo que se comunica com os genes, e que o biólogo R. Sheldrake, chamou de Campo Morfogenético, que contém tanto as memórias primitivas quanto as trajetórias do futuro, que serve como radar evolucionário que nos levam para o inconsciente cósmico. 7. Circuito Metaprogramador ou do Despertar, capacidade de mudar rapidamente o funcionamento do cérebro, com as técnicas certas, de forma simples como mudamos de canal de tv. Leary afirmou que o eu não é estático, mas que o sistema nervoso pode ser metaprogramado para outros 'eus' mais avançados, que dão acesso a novos níveis de inteligência, onde representa todos os papéis, sem ser nenhum deles, ou seja, é um vazio sem forma que espelha o todo da criação. 8. Circuito Não-localizado ou da Consciência: Cada partícula do Universo está em comunicação instantânea com todas as outras partículas; não existem sistemas isolados. O sistema inteiro funciona como um todo. Essa ligação acontece através da consciência de nossa própria identidade para com o todo. Tal conceito deixa de ser simplesmente teórico quando o oitavo Circuito surge; ele passa a ser sentido como realidade constantemente. 

A frase 'se as portas da percepção estivessem limpas, tudo apareceria ao homem tal como é, infinito', de Blake, implica em uma viagem interior. Em fechar os olhos para ver de verdade e traçar um mapa psíquico de territórios inexplorados, através de métodos como sonhos  lúcidos, projeção psíquica, meditação, ioga, respiração holotrópica, viagem xamânica, dentre outros. Alterar a percepção / túneis de realidade para assim alterar a si mesmo ao mundo. Essa é a proposta, não especificamente da magia do caos, mas da magia como um todo, e também da arte e da psicologia. Nessa linha de pensamento A ORDEM DO DIA É CAOS, que existe em forma latente e perfeita e da qual TUDO se origina.

A MAGIA & A MULHER

Deparar-me com os universos da magia e da arte, e outras energias femininas, como a vida, a natureza, poesia, noite,  psique, liberdade, morte, eternidade, funciona como uma benção; algo que afrouxa, ao invés de apertar a vida. Os primeiros contatos se deram cedo, talvez já em outa vida.  Primeiro o 'encantamento' da infância, e em seguida o atordoamento pela inocência roubada: ambiente intragável, ruas, inconsciência, delinquência, drogas, mais drogas, violência,  fantasmas, abismo. Um folha ao vento, uma imagem, uma música... É o encontro com o os aspectos femininos da alma que me colocam em uma jornada cíclica rumo ao autoconhecimento, à percepção, à consciência. Assim consegui linhas mágicas, multicoloridas para costurar um casaco de retalhos: xamãs, espíritos ancestrais, herméticos, pré-socráticos, renascentistas, românticos, artistas de vanguarda, performáticos, físicos quânticos, e finalmente um túnel caótico e rizomatico de realidade com infinitas portas e formas de voar sobre o transe consensual das respostas certas e verdades absolutas. 

Na ancestralidade a força mágica e misteriosa da mulher era tão maravilhosa quanto a vida e o universo. Xamã, bruxa, feiticeira, maga, sacerdotisa, pitonisa, curandeira, vidente,  mágica, necromante,  lâmia, sábia, a mulher sempre esteve associada aos ciclos lunares e da natureza, revelando conhecimentos sobre ervas, parto, curas, adivinhações, presságios, orações, benzeduras. Uma força ctónica e lunar, cultuando mundos invisíveis e mágicos. Traços da cultura feminina existem há pelo menos a 35.000 a.C, e a partir de 4.000 a.C els começam a extinguir, quando o  patriarcalismo / machismo e cultura de guerra tomam conta dos continentes / civilizações. É a Deusa-mãe, Inanna, Tiamat, Cibele,  Kali, Shakti,  Tara, Ìsis, Maat, Daena, Le-Hev-Hev, Dakini, Freya, Oxum, Gaya, Minerva, Selene, Mnemosine, Sofia, Modron, Jaci, Mulher Peiote, Tellus Mater, Santa Muerte, Virgem Negra. Cultuada em todas as partes, na forma de arquétipos ou mitos paralelos; é sempre a mesma, enaltecida santificada ou demonizada. Tocam a profundeza do universo, da vida e do corpo e se eternizam. 

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Vênus de Willendorf - Ísis amamentando Hórus - Helena Blavatsky
Inanna - Dion Fortune - Laurie Cabot  


Aparentemente um personagem imaginário, ela existe de fato e muitas vezes foi e é transformada em lenda; acusada de ser bruxa, perseguida, presa, torturada e morta, mas sempre reaparece viva: Bruxa de Évora, Maria, a Judia, Helena Blavatsky, Dion Fortune, Annie Besant, Margaret Murray, Pamela Smith, Alice Bailey, Alexandra David-Néel, Leila Waddell, Lady Frieda Harris, Senhora Patterson, Marion Zimmer Bradley, Laurie Cabot, Zulma Reyo, Barbara Black Koltuv, June Singer, Rose Marie Muraro, Silvia Federici, Maria de Naglowska, a mulher está, não só  presente no universo da magia / bruxaria desde a origem da humanidade, como é um outro nome para magia. Na hipermodernidade se revela com força, sabedoria e beleza. O caminho está aberto e se confunde com seu comportamento, realizações, trabalho. É a mulher do mundo contemporâneo re-ligada à ancestralidade e à condição feminina roubada. Encurta distâncias, interage e aproveita a versatilidade da internet para desenvolver contéudos,  narrativas e manter acesa a Chama acesa! 

É óbvio que ao quebrar a mim mesmo, 'quebrei o Buda', mas não matei o ego, simplesmente sigo, diante de obscuridades inevitáveis, o alterando para luzentes 'Eu Sou'. Toco os céus com as raízes no 'inferno'. Faço a jornada do louco, pelas ruas, que a seu modo são livros; pelas ruas e seus fantasmas, ladrões, jogadores, prostitutas, drogados, bebados e poetas e visões. Em uma madrugada encontro ou ganho um anel de prata que trago sempre comigo; em outra ocasião sonho com um livro mágico, o que para os orientais significa uma iniciação. São sinais. Com treino, acontecem o tempo todo e os sonhos passam a ocupar cada vez mais espaços entre a  robótica e inconsciência do cotidiano.  

A magia, assim como a vida e a morte requerem uma interpretação pessoal, por se tratar de aspectos, ou possíveis aspectos de uma trajetória pessoal. Requer autoconhecimento, aceitação e assimilação da Sombra (Carl Jung) tanto quanto da luz. No tarô essa NARRATIVA é conhecida como A JORNADA DO LOUCO, que começa e termina no mundo. A adepta ou adepto age por meio dos pensamentos e sentimentos. As escamas de Euróborus formadas pela 'oscilação de minúsculas cordas unidimensionais', Io Caos! Na bolsa do louco, mais do que dons, desapego. A única certeza, a morte; a mesma que conduz aos mistérios. Que seja um caminho do coração, pois nenhum outro faz sentido. 

As coisas da vida são livros, guias e ensinamentos; os sonhos e a noite são um oceano de símbolos, energias e egrégoras, onde se acessa as informações mais ocultas e distantes no espaço-tempo. A iniciação na magia se faz por meio de tradições, atavismos, visões, sonhos, estudos, autoconhecimento, prática & filosofia. Se você sente a vida, provavelmente sente amor; se sente amor, em especial pelos GRANDES MISTÉRIOS, não precisa ir longe, a menos que queira, pois é em sua MENTE que está a chave. Exercita o cérebro, medita.   

É fácil pensar a magia como coisa glamorosa ou perigosa, no entanto é simples, considerando que a 'simplicidade é o ultimo grau de sofisticação'. No centro da arte e do fazer artístico, assim como um buraco negro no centro de uma galáxia, está a IMAGEM. E os mesmo se pode dizer em relação à magia. A ARTE, por sua vez, e não importa se de um gênio ou de uma criança, funciona como um portal e uma amálgama (alquimia) que entrecruza a realidade e o imaginário, o atual e o virtual, e entrelaça com qualquer dos 3 pilares outros fundamentais da Sabedoria Gnóstica (Ciência, Filosofia & Religião). E é  também, a seu modo, uma magia peculiar, capaz de trazer autoconhecimento & BELEZA aos sentidos e ampliar o significado da vida.  

Naturalmente nem uma destas qualidades nega que possa ser, também, glamorosa e perigosa, que é, por exemplo, quando a chamam de magia negra; e que vemos como ferramenta de domínio e/ou destruição. No centro dessa magia, da mesma forma que no da que busca autoconhecimento & beleza, está a IMAGEM. Provavelmente uma imagem de maldição, que aperta e estagna a vida, colocando em seu lugar outro sentido, como poder, controle e morte. Mas, assim como existem megalomaníacos e autoritários, existem torturados e vítimas e cada um conhece suas dores e 'goteiras no seu telhado'. Declaro, e falo também pelo Coletivo Vratia: não é essa magia de que tratamos em qualquer de nossos ambientes, e sim de uma magia de LIBERDADE, ou seja, de autoconhecimento e beleza, ambas com imagens luzentes no meio. 

Viemos de antigas tradições mágicas: Xamanismo, Shivaísmo, Hermetismo, Taoísmo, Tantrismo, Bruxaria, Egito, Babilônia, Incas, Maias, Astecas, Candomblê, Umbanda, Gnosticismo, Sufismo, Alquimia, Templários, Goécia. Rosacrucianismo, Fracomaçonaria, Illuminati, Jonh Dee, Saint Germain, William Blake, Éliphas Lévi, Ordo Templi Orientis, Aurora Dourada, Aleister Crowley, Austin Spare, Magia do Caos. Culturas milenares hipotéticas (como Mu, Lamúria e Atlantida) e reais. Mitos paralelos, do caos aos deuses e dos deuses aos novos mitos de consumo, materialismo e nilismo da hipermodernidade; mas também o movimento, a fluidez, a flexibilidade e a ascendência. 

Da mesma forma que o louco, sou um andante no mundo. Cruzo corredores de contos de fadas e seus sentidos ocultos; HQs de terror, mistério e ocultismo, e suas mensagens escancarados; tarot, música, livros e filmes estranhos. O que me leva inevitavelmente à magia do caos que é, como sabemos, uma porta para outras portas, que me levam dos ancestrais até Saint Germain, William Blake, Elifas Levi, Alester Crowley, Dion Fortune, Austin Spare, LaVey, Peter Carrrol, Konstantinos e Alan Moore.  Me sinto em casa, no Caos. Vibro nas suas cordas. Ao olhar para trás vejo uma criança caoísta, que não ouviu falar em magia do caos, mesmo tendo nascido na época em que o movimento se origina e toma corpo na subcultura inglesa. Ao invés de fazer descobertas, vivo em um mundo onde todas as coisas são hologramas, metáforas, rememórias, atavísmos. E por ver o mundo de forma fractal, onde IMAGENS, arquétipos, visões, fantasmas, anjos, alienígenas se apresentam, a magia hipermoderna funciona para mim como um travesseiro. 

IMAGINÁRIO, SONHOS & MAGIA 

'O imaginário', sob a perspectiva do poeta, filósofo e químico francês Gaston Bachelard (1884 - 1962), 'não encontra suas raízes profundas e nutritivas nas imagens' e sim 'tem necessidade de uma presença envolvente e material'. Dividida em diurna - relativa à epistemologia e história da ciência - e noturna, relativa ao âmbito da imaginação poética, dos sonhos, devaneios e construções do espírito, sua obra encontra-se no contexto da Teoria da Relatividade, formulada por Albert Einstein, e da Nova Ciência, com a qual objetiva o estudo do seu significado epistemológico, e assim rompe com absolutismo das ciências anteriores; apresentando um objeto relacional ou rizomático e aberto, 'como uma estrutura essencial na qual se constituem todos os processamentos do pensamento humano'.  Sua escrita, busca uma aproximação entre imaginação e razão, poesia e ciência, filosofia e educação. Ao propor aproximar a imaginação do campo filosófico não pretende abandonar a  razão, mas apresentá-la como dos oposto complementar, e caminho para a formação humana e renovação do mundo. 

Na perspectiva do antropólogo, filosofo e pesquisador Gilbert Durand (1921 - 2012), o imaginário é vasto campo, que funciona como uma espécie de museu com imagens que se desenrolam ou que podem se desenrolar, como a um novelo, fornecendo novas imagens, revelando diferentes sentidos e novas dimensões. Para Durand, o imaginário constitui o conector obrigatório pelo qual as representações simbólicas são formadas; sendo essas representaçãoes simbólicas ou imagens, intermediárias entre o inconsciente e consciente ativo, ou seja, uma chave de acesso ao secreto psiquismo. O filósofo considera que com a 'explosão' do vídeo, para ele, 'fruto de um efeito perverso', surgem outros efeitos perversos que ameaçam a humanidade, e cuja pesquisa permanece desvalorizada. Esse risco é fartamente ampliado nesta era da imersão com o metaverso, em que os usuários passem mais tempo, ou mesmo a maior parte da vida imersos em mundos virtuais. 

O sociólogo francês Michel Maffesoli (1944), especialista na pós-modernidade e conhecido pela popularização do conceito de tribo urbana, percebe o imaginário como cerne da criação da realidade individual e coletiva. Ele funda um novo imaginário social e recupera a tradição de Durand, do antropólogo, sociólogo, filósofo e educador francês judeu Edgar Morin e de Bachelard, e em alguns pontos a do psiquiatra e psicoterapeuta suíço Carl Jung (1875 - 1961), fundador da psicologia analítica e de arquétipos que residem no inconsciente coletivo; e do poeta, tipógrafo e pintor visionário inglês William Blake (1757 - 1822), para quem a 'imaginação não é um estado, mas toda a experiência humana'. Para estes autores o imaginário é um estado de espírito que caracteriza um povo, uma comunidade ou grupo. Uma espécie de argamassa ou ligame que estabelece vínculo; e não somente algo racional, sociológico ou psicológico, mas algo de imponderável, misterioso e transfigurador. Uma dimensão matricial e atmosférica; uma construção mental e uma força sócio-espiritual, como a ideia de amor e morte, algo perceptível, mas imponderável.  

Por essa perspectiva a imaginação é uma semente da realidade, onde as imagens, construídas no mundo mental, são sempre ativas, superpõem-se, alteram-se e transformam-se. Sendo a realidade algo que existe por si mesma e a ser interpretada. E nesse sentido todas as imagens dependem do reconhecimento ou identificação dos agentes em dado contexto. É o poder de atribuir significado, e por consequência valor aos objetos concretos ou abstratos. Esse é o universo simbólico, e provavelmente mágico, já que contêm sentidos arquetípicos que remetem ao inconsciente. Nesse universo ocorrem ritos de evocação pela imagem, ritos de invocação à imagem, e de possessão sobre a imagem ou enfeitiçamento, seja visual ou sonora.

O compromisso do imaginário não é com a realidade, ou seja, natureza e as coisas, que ele recria e ordena, e sim com o real, ou melhor, o campo da interpretação e da representação. Tanto a magia quanto a fantasia, não deixam de ser reais, por proporem outra realidade e regras do jogo, mas possuem sua própria lógica, que apesar de incomum ou extraordinária, é compartilhada por uma coletividade. J. Saramago nos recorda que o caos, que vive, 'é uma ordem por decifrar'. E é nessa 'ordem' que transitam xamãs, bruxos, magos, alquimistas, poetas, escritores, artistas, cineastas, transformadores de imagens, psicanalistas do fogo, agentes do caos, do devaneio e das poéticas abertas.

Desde a pré-história a consciência, na ideia de sujeito, desenvolve a representação, utilizando-a para se aproximar do ser ou objeto por ela representado. A imagem tem,  enquanto portadora de sentido, uma função de VINCULADORA. Para que ocorra o feitiço, a comunicação requer códigos, mídia, filtros, seleção, percepção. Esse é o campo da semiótica, o estudo da construção de sentido, o estudo do processo de signo e do significado ou sentido de comunicação; seja a nível pessoal, interpessoal, transpessoal ou sobrenatural (campo por excelência do encanto e do espanto). Mas, se nas sociedades arcaicas e circulares a imagem busca representação, ou seja, torna presente o ausente, ou seja, busca representação; nas sociedades hipermodernas o uso exaustivo de imagens constitui o mundo do simulacro, conforme a ideia de J. Baudrillard, uma imagem sem referencial e essência, mas somente simulação da existência que conduz ao nada, conforme vemos na Alegoria da Caverna e sua relação com o filme Matrix. 

Esse nada, entretanto, não é o 'nada' búdico nem o 'vazio' taoísta da meditação. Nem mesmo é caos, pois não possibilita criação, mas apenas reprodução, e dificilmente combinação ou olhar relacional, tendo em vista que não se trata de CRIATIVIDADE e sim consumo, enquanto paliativo para a vida. É um nada que precisa ser constantemente preenchido com novas imagens abastecedoras mas vazias, pois descartáveis.  A potencia de um signo e de um símbolo estão em seu caráter transformador, dito de forma aproximada, metafórico, como encontramos na imagem e na linguagem poética, mágica, perene. O que podemos aferir desse mundo é uma ideia de vínculo com algo que transcende a realidade e torna real o imponderável. Se no cotidiano o signo funciona como um mediador entre o mundo mental e o mundo dos objetos, o signo mágico é usado com a intenção de influenciar o mundo dos objetos. Logo, a  magia é um processo semiótico, através da qual o mago pretende que seus signos tenham efeito no mundo sobrenatural ou oculto.

Mesmo que inconscientemente, embora raras vezes o seja, o desejo de cada artista ou comunicador é obter um efeito 'mágico' ou transformador, onde a 'obra' encante e/ou venda; mas também de alterar a  realidade, mesmo de forma imediatista e descartável.  O que nos remete ao reducionismo da cultura de massa. A ideia de arte não é outra coisa senão um signo ou símbolo, ou melhor, uma metáfora de si mesma. Uma das características da sociedade e dos comportamentos hipermodernos, e não somente das artes, é a liquidez, que alude à ideia criada pelo sociólogo Zygmunt Bauman. É esse o local onde as ideias de perenidade, ou seu oposto, de descartabilidade, dependem do 'poder' artístico da adepta, do adepto. Importa esta ou este 'separe, purifique, reúna' e faça a sua entrega. Quais as probabilidades de se obter resultados? Talvez dependa menos de seu talento, poética e criatividade do que dos usos da mídia e das estratégias de convergência cultural. É onde entra a visão, já que, como nos lembra o materialista Andy Warhol: 'um bom negócio é a melhor das artes'.  




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